Menos
de um mês após a maior crise militar desde 1977 no país, Jair Bolsonaro voltou
a incomodar altos oficiais das Forças Armadas com o que consideram uma bravata:
o uso do Exército contra medidas de restrição para combater a Covid-19.
O presidente disse que
"nossas Forças Armadas podem ir para rua um dia sim (...) para fazer
cumprir o artigo 5º [da Constituição]: o direito de ir e vir, acabar com essa
covardia de toque de recolher, direito ao trabalho, liberdade religiosa".
Para membros da cúpula militar,
Bolsonaro confunde conceitos e usa sua posição de comandante-em-chefe das
Forças Armadas de forma política, para pressionar adversários como os
governadores João Doria (PSDB-SP) e Rui Costa (PT-BA).
O presidente, que já causara
contrariedade anteriormente entre oficiais-generais ao insinuar que "o meu
Exército" iria combater as restrições, desta vez foi mais detalhista ao
desenhar o que pretende fazer.
"Nosso Exército, as nossas
Forças Armadas, se precisar iremos para a rua não para manter o povo dentro de
casa, mas para reestabelecer todo o artigo 5º da Constituição. E se eu decretar
isso, vai ser cumprido", num trecho observado por um almirante como
tentativa de asseverar autoridade.
por Igor Gielow | Folhapress