Morreu, aos 85 anos, o cantor
Lindomar Castilho, que recebeu o apelido de rei do bolero ao fazer imenso
sucesso entre as décadas de 1960 e 1980. A informação foi confirmada por sua
filha, Lili de Grammont, em suas redes sociais. A causa da morte não foi divulgada,
mas ele havia sido recebido diagnóstico de Parkinson há mais de uma década.
Voz de "Você É Doida
Demais", tema de abertura da série "Os Normais", estrelada por
Fernanda Torres e Luiz Fernando Guimarães na Globo, Castilho tem em seu
repertório canções como "Chamarada", "Eu Amo Sua Mãe" e "Ébrio
de Amor".
Castilho caiu no ostracismo
após assassinar a ex-mulher, a cantora e compositora Eliane de Grammont, em
1981. À época, foi condenado a 12 anos de prisão. O caso é até hoje um dos
feminicídios de maior repercussão do país.
Foi uma das vozes mais
populares da música romântica brasileira e, mesmo depois do crime, tentou, sem
muito sucesso, retomar a carreira, no fim dos anos 1990.
Nascido Lindomar Cabral, em
Rio Verde, Goiás, o músico começou a carreira ainda jovem, depois de ser ouvido
pelo diretor de uma gravadora —estudante de direito, ele tinha hábito de se
apresentar em saraus e pequenos eventos. Seu primeiro álbum veio no começo da
década de 1960, "Canções que Não Se Esquecem". Nele, abusava do
sentimentalismo que pautava as rádios da época.
O nome artístico veio como
sugestão de Diego Mulero, diretor de gravadora que pensou na projeção de
Castilho para o mercado latino-americano. Ao longo da primeira década de
carreira, gravou faixas como "Falhaste Coração", uma versão em
português de um bolero mexicano, e o álbum "Mensagem de Carinho", que
o consagrou.
Nos anos 1970, troca a
gravadora Continental pela RCA e vende 500 mil cópias de "Eu Vou Rifar Meu
Coração". Vem, então, um de seus maiores sucessos, "Você É Doida
Demais", que ocupa o topo das paradas musicais. "Eu Canto o que o Povo
Quer" é outro hit do período, que ganhou tração fora do Brasil, bem como
"Feiticeira" e "Nós Somos Dois Sem Vergonha".
O enorme sucesso, porém, foi
refreado pelo assassinato de sua ex-mulher. Castilho e Eliane de Grammont se
conheceram quando ele já era o rei do bolero, mas ela ainda dava os primeiros
passos na carreira musical. Ela havia se afastado do ofício para se dedicar ao
lar e à filha do casal.
Foram cerca de dois anos de
um casamento conturbado, marcado pelo alcoolismo, ciúmes e as agressões de
Castilho. Aos 25 anos, Grammont decidiu se separar, a contragosto do músico,
que deu cinco tiros na ex-mulher enquanto ela se apresentava no Café Belle
Epoque, no centro de São Paulo, em 30 de março de 1981.
Castilho foi preso em
flagrante e condenado a 12 anos e dois meses de prisão. Metade do tempo foi
cumprido em regime aberto. Com a liberdade, em 1996, veio também a tentativa de
retomar a carreira, com o disco "Muralhas da Solidão", concebido ainda
na penitenciária.
Morreu no ostracismo, após
ver seu sucesso no Brasil e no exterior, e os cerca de 30 discos lançados ao
longo da carreira, serem ofuscados pelo assassinato.
Uma de suas últimas aparições
foi como entrevistado do documentário "Vou Rifar Meu Coração", de
2011, batizado em homenagem ao seu hit, sobre a música brega no Brasil, ao lado
de nomes como Agnaldo Timóteo, Wando, Amado Batista e Nelson Ned. Na ocasião,
Castilho só aceitou dar a entrevista com a condição de que não fosse
questionado sobre o crime que cometeu.
Castilho deixa a filha que
teve com Eliane, Lili de Grammont. O velório acontece será neste sábado (20),
às 13h, no Cemitério Santana, em Goiânia.
Fonte: Folhapress
