A
entrevista dada por Jair Bolsonaro na manhã de sábado (21) teve origem em um
convite feito por ele na véspera, a jornalistas, para degustar mangas no
Palácio do Alvorada. "Vocês vão chupar essa manga?", perguntou na
ocasião, um dia depois de ter feito manifestações ofensivas contra repórteres
que fizeram questionamentos sobre a operação policial contra seu filho Flávio.
A equipe
do presidente pediu aos jornalistas para não fazerem perguntas incômodas no
encontro, o que não foi cumprido. Na chegada ao Palácio da Alvorada, um eleitor
do presidente voltou a pedir que a imprensa não abordasse temas delicados e, na
sequência, emendou uma ameaça. "Vocês têm de parar de fazer jornalismo
canalha. Espero que tenha manga com veneno."
O
encontro com Bolsonaro, que vestia uma camisa do Flamengo no dia em que o time
disputou a final do Mundial de Clubes, foi realizado na área externa do
palácio, próximo à piscina. O presidente contou que costuma nadar duas vezes
por semana e disse que mantém o aquecedor desligado para não gastar energia.
Com um
aspecto tranquilo, Bolsonaro não se negou a responder perguntas, tratou sobre
diferentes temas e contou bastidores do seu primeiro ano à frente do Palácio do
Planalto. Disse, por exemplo, que tem tido dificuldades em se adaptar à vida de
presidente. "É difícil ter dia para ser feliz, cara, problemas. A vida é
sacrificante. Eu estou até feliz de estar com vocês aqui, porque, geralmente, é
uma monotonia. É uma monotonia no final de semana. Se vocês não estivessem
aqui, eu ia nadar 200 ou 300 metros e ia ao escritório bolar coisas",
afirmou.
Bolsonaro
disse que sente falta de comer pastel e tomar caldo de cana sem o rígido
protocolo de segurança. Ao sair do Alvorada, ele é sempre acompanhado por
quatro carros de seguranças e uma ambulância em caso de emergência. "É
chato, né, mas eu sei que abuso", disse, referindo-se às vezes em que
andou de motocicleta e de jet ski. "Eu não faço por populismo. Eu faço
porque eu gosto. É uma maneira de fazer algo diferente.
Fonte: Folhapress