Em uma longa
reportagem, o jornal americano The Washington Post busca explicar a
trajetória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em matéria chamada:
"ele foi o político mais popular da Terra. Agora Lula pode ir para a
cadeia".
O jornal ressalta que o petista é um gigante
na política moderna latino-americana. "Em oito anos como presidente, ele
presidiu em um período de crescimento econômico enquanto introduziu políticas
de bem estar social que ajudaram a tirar 36 milhões de pessoas da pobreza. Em
2009, o presidente dos EUA, Barack Obama, chamou-o de o presidente mais popular
da Terra''.
Falando em um recente comício, "Lula
demonstrou seu carisma, além de arrancar risos e aplausos quando lembrou a
plateia sobre seus sucessos", diz o jornal. Porém, nos últimos dias, o
ícone da esquerda perdeu muito de sua força política, aponta a publicação.
O jornal ressalta que Lula foi acusado de
corrupção e lavagem de dinheiro no esquema de corrupção investigado pela
Operação Lava Jato, que inclui também integrantes do seu partido, o PT.
Além disso, a economia do Brasil se afundou
numa recessão enquanto a sua sucessora, Dilma Rousseff, escolhida a dedo por
ele, sofreu impeachment no final de agosto em meio a acusações de que teria
violado leis orçamentárias. O jornal aponta que a ex-presidente Dilma gerou
danos ao legado do petista com uma política que aumentou os gastos do governo
ao mesmo tempo que o boom das commodities terminou.
Por sua vez, boa parte dos candidatos para
quem Lula fez campanha nas eleições municipais deste mês perderam - incluindo
um de seus filhos, Marcos Cláudio Lula da Silva, que não se reelegeu ao cargo
de vereador em São Bernardo do Campo. O PT ganhou menos da metade das
prefeituras que conquistou há quatro anos.
"Economia e corrupção. Estas duas coisas
juntas são um coquetel muito poderoso que derrotou esta popularidade que Lula
tinha", disse Maurício Santoro, professor de relações internacionais na
Universidade do Estado do Rio.
Porém, o Washington Post reforça que, mesmo
com problemas, Lula ''está longe de ter sido eliminado da
política''. ''Pesquisas recentes mostram Lula na liderança da corrida
eleitoral para a Presidência em 2018, com quase um terço dos votos. A
popularidade dele se mantém forte em parte por causa da sua narrativa como um
presidente que nasceu na pobreza'', diz a publicação. De acordo com Renato
Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, a imagem de Lula está em sua
pior forma, mas ele ainda é um dos políticos mais fortes do Brasil. Porém, os
problemas do petista só parecem aumentar.