O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), se emocionou ao discursar na quinta-feira (10/11), para parlamentares
aliados em Brasília. O petista falava sobre planos para a reconstrução do país
e chorou ao lembrar que terá como “prioridade zero” o combate à fome, como já
havia sido em 2002, quando foi eleito pela primeira vez para a
Presidência.
“A razão que tenho de voltar a ser presidente é
tentar reestabelecer a dignidade do nosso povo”, disse Lula.
“E a prioridade zero, outra vez, é como no discurso
de dezembro de 2002, não tem que mudar uma única palavra. Se quando eu terminar
esse mandato, cada brasileiro estiver tomando café, almoçando e jantando, outra
vez eu terei cumprido a missão da minha vida”, continuou o presidente eleito,
que caiu em lágrimas e foi aplaudido de pé por aliados que estavam no palco,
como a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o vice-presidente eleito, Geraldo
Alckmin (PSB), e a futura primeira-dama, Janja.
Em seguida, após pegar um lenço com Janja, Lula se
desculpou com o público, que estava aplaudindo, e disse: “O fato é que eu
jamais esperava que a fome voltasse nesse país. Quando deixei a Presidência, eu
imaginava que nos dez anos seguintes esse país estaria igual à França, igual à
Inglaterra”, disse ele, que defendeu gastos na área social e atacou o teto de
gastos públicos instituído no governo de Michel Temer (MDB).
“Por que as pessoas são levadas a sofrer por conta
de garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país?”, questionou Lula. “Por
que toda hora as pessoas falam: é preciso cortar gastos; é preciso fazer
superávit; é preciso fazer teto de gastos? Por que as pessoas que discutem com
seriedade o teto de gastos não discutem a questão social neste país? Por que o
povo pobre não está na planilha da discussão da macroeconomia? Por que que a
gente têm meta de inflação, mas não tem meta de crescimento?”, discursou o
presidente eleito.
O discurso também teve um tom conciliador e Lula
disse para a plateia de parlamentares de partidos como MDB e PSD, além de
aliados de esquerda, que os candidatos derrotados nas eleições de 2022 terão
“direito de participar da transição e da governança” do país.
“Estou vendo aqui
a cara de companheiros que ganharam as eleições e a cara de companheiros que
perderam as eleições. Quero dizer para vocês que o fato de alguém ter perdido a
eleição não significa que alguém é menor do que quem ganhou”, afirmou o
presidente aos parlamentares de 14 partidos.
Fonte: metrópoles