Homens armados invadem aldeia indígena e disparam tiros contra a casa de cacica

 

A Aldeia Patiburi, situada na margem esquerda do Rio Jequitinhonha, nas proximidades do distrito de Boca do Córrego, em Belmonte, sofreu um atentado na madrugada de quarta-feira (23/11), onde homens armados invadiram a comunidade indígena Tupinambá e efetuaram disparos de arma de fogo ao redor da casa de Maria do Carmo Quirino de Almeida, a cacica Cátia.

As forças policiais foram acionadas, fizeram rondas no local, mas os agressores não foram encontrados. A líder indígena vem sendo ameaçada, já foi incluída no Programa de Proteção de Defensores de Direitos Humanos (PPDDH) e se desloca protegida por escolta policial desde 2017.

O motivo das ameaças à cacica é a disputa da área, entre fazendeiros e indígenas. O conflito se iniciou em 2001, ano em que os Tupinambás fizeram a retomada da Fazenda Timiquim e começaram a reivindicação daquelas terras. Em 2004 os fazendeiros conseguiram a Reintegração de Posse e os índios foram retirados da fazenda, mas voltaram a ocupar as terras em 2005 recomeçando o conflito.

Durante esse tempo os indígenas foram acusados pelos fazendeiros de colocar fogo em fazendas de cacau e diversos outros delitos, mas ações judiciais não tiveram sucesso. Nesse período também se iniciaram as ameaças e os atentados contra a vida da liderança indígena. Em maio de 2015, criminosos atearam fogo nas casas da aldeia.

Um Estudo Antropológico e Circunstancial de Identificação e Delimitação publicado em 2013 reconheceu que a posse da terra pertencia aos Tupinambás de Belmonte, mas a demarcação da área pela Fundação Nacional de Assistência ao Índio (FUNAI) nunca aconteceu. A posse também já foi reconhecida pela Justiça que determinou a demarcação e a União está sendo punida com multa diária pelo não cumprimento da ordem judicial.

Fonte: Mais BN