O governo federal cortou 87% do leite distribuído a municípios do Nordeste e de parte de Minas Gerais que enfrentam insegurança alimentar, entre janeiro e agosto deste ano. A informação foi publicada neste sábado, 22, pelo portal UOL.
A doação do produto às famílias em
situação de extrema pobreza ocorre por meio do projeto Alimenta Brasil (antigo
Programa de Aquisição de Alimentos, criado há duas décadas).
Segundo a reportagem, em agosto, por exemplo, apenas 54
produtores venderam ao governo um total de 236 mil litros de leite. Em outubro
de 2021, eram 4.443 produtores e 5,9 milhões de litros de leite vendidos. Em
janeiro deste ano, nada foi comprado. Entre 2011 e 2012, 28 mil produtores
vendiam leite ao governo federal.
O corte é comprovado quando se
observa o orçamento do Ministério da Cidadania. Entre janeiro e agosto, o
governo federal investiu pouco mais de R$ 7 milhões. Para se ter uma ideia, em
novembro de 2021 foram mais de R$ 13 milhões.
A queda também atinge os laticínios, já que cerca de 40% do
orçamento é destinado ao pagamento do processo de pasteurização do leite, feito
em grande parte por pequenos agricultores que precisam dessa renda.
A repartem do UOL conversou com gestores e famílias em situação
de pobreza, que relataram o drama vivido sem o leite. "Era uma distribuição
muito importante para várias famílias que necessitam do poder público. A gente
aqui distribuía também às escolas para merenda e ao hospital", contou
Benedito de Paulo Neto, secretário de Agricultura do município de Mucambo
(CE).
De acordo com ele, a suspensão começou em fevereiro deste ano.
"A gente usava o leite na merenda já para fazer um composto, como uma
vitamina. Agora não temos mais e não sabemos quando vai voltar".
O Ministério
da Cidadania não quis comentar os cortes.