A nova edição só chegou à internet
na quinta-feira (3), mas parte do material especial sobre Brasil da revista The
Economist já circulava em mídia social, em perfis de mercado financeiro, um dia
antes.
Traz mais uma vez a imagem alterada
do Cristo Redentor na capa regional, voltada à América Latina — mas não na capa
principal, para o resto do mundo, que aborda "A nova geopolítica dos
negócios" dominada por empresas dos EUA e da China.
Agora a estátua no Corcovado
respira com tubo de oxigênio, na pandemia.
Em editorial com o título "A
década sombria do Brasil", a revista afirma que "Bolsonaro não é a
única razão pela qual seu país está num buraco", opinando que "o
sistema político que o ajudou a conquistar o cargo precisa de uma reforma
profunda".
O caderno especial, com dez páginas
produzidas pela correspondente Sarah Maslin, aborda tópicos como economia,
corrupção, Amazônia e as perspectivas para o Brasil.
No texto de abertura, "O
capitão e seu país", Maslin destaca que "o Brasil está retrocedendo"
e avalia que "Bolsonaro e Covid-19 são só os mais recentes em uma década
de desastres". Em suma, "o Brasil está enfrentando sua maior crise
desde o retorno à democracia em 1985".
Sobre economia, com o título
"Um sonho adiado", afirma que, "Após uma geração de progresso, a
mobilidade social está diminuindo". Fechando o caderno, com foto
associando Bolsonaro a Hitler, diz que é "Hora de ir" e "o
futuro depende das eleições" do ano que vem.
Reafirma que é preciso reformas,
combater corrupção, defender a Amazônia, "mas será difícil mudar o rumo do
Brasil enquanto Bolsonaro for presidente. A prioridade mais urgente é tirá-lo
pelo voto".
O caderno coincide com a promoção
de um evento sobre o país, pela Economist, na semana que vem.
Alterar a imagem do Cristo Redentor
é recurso que já foi usado outras vezes pela revista, sendo duas capas mais
lembradas (acima): "O Brasil decola", de 2009, no governo Lula, e
"O Brasil estragou tudo?", de 2013, no governo Dilma Rousseff.
Elas também se basearam então em cadernos
especiais sobre o país, cada um com 14 páginas.
por Nelson de Sá | Folhapress