Marcelo Odebrecht, em seus depoimentos de delação premiada
que acontecem em Curitiba, confirmou a realização de pagamentos ao
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, inclusive em espécie. Em nota, a
defesa de Lula disse que não comenta “especulação de delação”.
Os
pagamentos, de acordo com o ex-presidente da
Odebrecht, tiveram origem no Setor de Operações Estruturadas da empresa,
dedicado ao pagamento de propina a agentes públicos. O uso do setor para tal
fim foi revelado no início deste ano pela ex-secretária de Marcelo, Maria Lúcia
Guimarães Tavares, que fez acordo de delação.
O que foi relatado
por Marcelo, é coerente à linha de investigação da Polícia Federal no âmbito da
Lava-Jato. Lula pode ter recebido até R$ 23 milhões. Investigações apontam
ainda que o codinome “amigo”, que está nas planilhas apreendidas do Setor de
Operações Estruturadas, seja uma referência a Lula.
Marcelo Odebrecht presta nesta
quinta-feira, 15, seu quarto depoimento à Força-Tarefa em Curitiba, cidade onde
está preso desde junho de 2015. Ele tem falado aos procuradores da Lava-Jato na
presença de seus advogados.
O ex-presidente da Odebrecht
também confirmou que o presidente Michel Temer pediu R$ 10 milhões para a
campanha do PMDB durante reunião no Palácio do Jaburu, em 2014. No depoimento,
Marcelo Odebrecht não deu detalhes sobre o pagamento.
Em delação premiada que ainda
depende de homologação do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-vice-presidente
de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho disse que entregou dinheiro em espécie no escritório do
advogado José Yunes, amigo e assessor especial do presidente Temer,
durante a campanha eleitoral de 2014.
O pagamento faria parte de um repasse de
R$ 10 milhões que, segundo narrou Claudio Melo na delação, Temer negociara
“direta e pessoalmente” com Marcelo Odebrecht, em um jantar no Palácio do
Jaburu, em maio de 2014, dois meses depois do início da Lava-Jato.
Valor Econômico