Colégios na mira: facções vigiam ronda escolar e instituem tribunal para alunos

Quando a Ronda Escolar está nos pátios, o telefone de um gestor de uma escola localizada em uma área do Comando Vermelho (CV) sempre toca. “Qual foi o caso aí, professor? O que está acontecendo?”, questiona um traficante antes de ouvir do educador que a visita da unidade especializada é uma prática de rotina que não implica em uma ação contra a facção.

Apesar de não estar dentro do colégio, lideranças do crime organizado vigiam a chegada da Ronda Escolar e instituem até um tribunal para julgar alunos que se envolvam em confusão dentro da instituição.

Em áreas do Bonde do Maluco (BDM), o olhar vigilante do tráfico não é diferente. Um policial que atua na região do Subúrbio Ferroviário de Salvador conta que, quando o assunto é a comunicação com gestores, tudo acontece pelas redes sociais para preservar a segurança dos educadores.

Uma diretora explica que, na região do Subúrbio onde há domínio do BDM, existe uma postura de evitar ocorrências que aproximem a polícia do bairro, mas estudantes já envolvidos complicam a situação.

O primeiro gestor ouvido pela reportagem indica o mesmo problema. Segundo gestores, os jovens que são cooptados pelo tráfico, sempre largam a escola, já que não conseguem lidar com o paralelo de estar na escola e ser um integrante de facção. Nestes casos, meninos e meninas de apenas 14 anos até vão para a escola no começo, mas não conseguem ficar para todas as aulas.

Fonte: Correio