Alexandro Costa da Silva, de 35 anos, o “Barriga
Azul”, e Alex Nogueira do Santos, eram donos de um vasto “currículo” no mundo
do crime. Eram apontados como autores de várias mortes e condenados por algumas
delas. Alexandro e Alex, detentos assassinados dentro do presídio de Itabuna,
na manhã do último sábado (12), durante uma briga entre facções rivais.
Condenado a 48 anos de prisão por dois assassinatos
e uma tentativa de homicídio, Alexandro era considerado um bandido de alta
periculosidade. Na época desse júri, ele tinha 22 anos. Entre as mortes
atribuídas a Alexandro, está a dos irmãos Wesley e Wallace Rocha, assassinados no
dia 16 de agosto de 2009.
ORDENAVA AS MORTES DE DENTRO DO PRESÍDIO
Considerado um bandido cruel e impiedoso, Alex Nogueira era acusado de uma extensa lista de crimes, sobretudo em Coaraci, onde comandava o tráfico de drogas. Acumulava, ainda, vários assassinatos em seu “currículo” criminal.
Em novembro de 2019, integrantes do “Raio B” foram
presos durante uma operação policial, em Coaraci. As investigações apontaram
Alex como chefe desse bando e mandante de vários homicídios ocorridos naquela
cidade, inclusive de uma mulher grávida.
De acordo com as investigações, a mando de Alex, a
gestante foi assassinada por um homem identificado como Iago Santos Barbosa, o
“Iago Gordo”, que contou com a ajuda de um menor de idade, na ocasião.
Alex, nessa época, já estava preso no Conjunto
Penal de Itabuna e, mesmo assim, conseguia comandar o tráfico em Coaraci, ordenando
torturas e inúmeros assassinatos.
Após a prisão de comparsas de Alex, equipes da Secretaria
de Administração Penitenciária e Ressocialização (SEAP), cumpriram mandados de
busca e apreensão na cela de Alex e realizaram a transferência dele para o
presídio de segurança máxima de Serrinha, retornando, tempos depois, para a
unidade prisional, em Itabuna.
Ainda em novembro de 2019, três dias depois da ação
que resultou na prisão de integrantes do “Raio B”, policiais localizaram três
corpos, sendo dois deles em estado avançado de decomposição, enterrados no
bairro Bela Vista, em Coaraci.
Uma das vítimas foi identificada como Ocimar Sousa da Luz, o “Branco”. Segundo a polícia, tanto a execução de “Branco”, como a dos outros dois homens não identificados na época, ocorreram a mando de Alex Nogueira.
RETALIAÇÕES
O episódio ocorrido no Conjunto Penal de Itabuna,
no último final de semana, quando um grupo de detentos se envolveu em uma
espécie de “guerra” sangrenta, pode estar sendo o estopim de outros
acontecimentos fora da prisão. Aliado dessa briga, que resultou em duas mortes
e um ferido, está o “duelo” infindável entre as facções.
Após a morte dos internos Alex Nogueira e Alexandro
Costa, duas pessoas foram brutalmente assassinadas na cidade de Coaraci na
noite de sábado (12). Acredita-se que essas execuções estejam ligadas, pelo
menos, a um dos homens mortos no presídio.
Já foi confirmado que uma das vítimas de Coaraci, Alicia
Anjos Santos, de 22 anos, tinha ligação com o detento Alex Nogueira. Alicia
seria “funcionária” de Alex e responsável pela venda de drogas naquela cidade. Alex,
mesmo preso, continuava chefiando o tráfico em Coaraci.
Alícia foi perseguida e executada com vários tiros. Além dela, o município de Coaraci foi cenário de outro crime brutal, que teve como vítima Danilo Pereira dos Santos, de 21 anos, morto a tiros e golpes de facão e garrafa, enquanto bebia em um bar.
Ainda não se sabe se o homicídio de Danilo está, de
fato, relacionado a um dos detentos mortos no presídio, uma vez que ele não
morava mais em Coaraci e sim em Ilhéus, onde trabalhava. Familiares relataram
que o jovem não tinha envolvimento com o mundo do crime e que ele tinha ido à
cidade visitar a família.
“SE FEZ DE MORTO”
Voltando à confusão no presídio, a Secretaria de
Administração Penitenciária e Ressocialização informou que a briga,
protagonizada por facções rivais, foi motivada pela disputa da liderança do pavilhão.
Seis presos envolvidos no caso foram ouvidos.
Quatro deles foram autuados em flagrante, após assumiram a autoria das mortes
de Alex e Alexandro, assassinados com golpes de chuço, arma artesanal fabricada
pelos presos.
O detento Rafael Batista Viana, que sobreviveu aos
ferimentos, também prestou depoimento. Ele contou que só escapou da morte,
porque teria se fingido de morto.
A Seap ainda relatou, que, na última intervenção
realizada na unidade pela secretaria, em março deste ano, um dos homens que
morreu no sábado era linha de frente entre os demais custodiados e havia sido
transferido para o presídio de Irecê. Contudo, ele voltou para o Conjunto Penal
de Itabuna depois de uma decisão judicial.
Confira vídeo de nossa reportagem no dia do acontecido dentro do presídio de Itabuna:
No retorno, esse interno teria, junto com o outro que também morreu, tentando retomar o comando do pátio, mas novas frentes já tinham sido formadas. Em razão da disputa, houve um conflito generalizado, que, então, resultou nas mortes dos dois que tentavam retomar a liderança.
Fonte: Verdinho