Familiares e advogados dos detentos que cumprem pena no
Complexo Penal de Eunápolis lançaram uma carta aberta à comunidade e
autoridades denunciando a situação crítica que está acontecendo na unidade.
As denúncias constam que os presidiários de Eunápolis que
estavam no pátio tentaram invadir, no último dia 28/03, a área conhecida como "seguro", onde estão provisoriamente os detentos do município de Porto Seguro, quebrando as paredes para ter acesso ao local.
Coagidos, os detentos vindos de Porto Seguro também começaram
a quebrar as paredes na tentativa de fugir da investida. Os familiares contam
no documento que, por causa do incidente, alguns presidiários foram
transferidos para cidade de Serrinha, enquanto os que ficaram permanecem aglomerados
na unidade que, segundo familiares, se tornou uma panela de pressão pronta para
explodir.
Parentes e advogados contam que não estão conseguindo
informações e que as visitas na unidade foram suspensas por causa do risco de
contaminação por COVID-19. As únicas informações foram obtidas por meio de
presos que foram selecionados pela assistência social da unidade para ligar
para familiares, onde um dos detentos mencionou que está com sintomas suspeitos
do novo coronavírus e que não passou por nenhum exame médico.
Presos que receberam a liberdade provisória recentemente,
segundo os familiares, contaram que a situação dentro das celas continua tensa
e que a tendência é só piorar. Parentes falam na carta aberta que temem que a
situação saia do controle e aconteça uma tragédia como em abril de 2014, onde
as vítimas foram apenas os detentos das celas provisórias, os chamados "seguros".
Rebelião ocorrida em 2014, quando 06 detentos morreram
queimados durante motim
Alguns familiares denunciaram que os presos de Porto Seguro
estão amontoados em celas apertadas com mais de 18 presos e que até a
alimentação é diferente da servida na ala dos presos de Eunápolis.
“Pedimos encarecidamente pelo amor de Deus
que tomem uma providência, sabemos que muitos erraram e já estão pagando pelos
seus erros sendo privados de sua liberdade, mas o que está acontecendo é
desumano, assim pedimos a atenção do poder público”, informaram familiares, que ainda
estão buscando ajuda com políticos e através de ações no judiciário.
Uma advogada de um dos presos confirmou as informações e
contou que está buscando que a OAB intervenha junto ao Poder Judiciário.
Familiares informaram que planejam uma manifestação na frente do presídio para
chamar a atenção das autoridades, das entidades dos direitos humanos e da
opinião pública para o problema antes que aconteça uma tragédia na unidade
prisional.
Fonte: Mais BN