ITABELA - Menores infratores com idade para estudar, jogar bola ou praticar outras atividades educacionais, estão cada vez mais distantes dessa realidade. O aprendizado e seus brinquedos são armas de fogo e drogas. Jovens que trocaram a escola pelo mundo do crime ficam impunes em Itabela por falta de estrutura.
O tempo desses adolescentes é facilmente preenchido pelo tráfico de drogas, assaltos e até homicídios. Segundo opinião de alguns moradores de Itabela, se as medidas do ECA (Estatuto da Criança e do Adolesceste) fossem devidamente aplicadas, os adolescestes não estariam como estão hoje.
O menor de iniciais L.S.A., de 16 anos, residente no bairro Irmã Dulce, acusado de ter praticado mais de 20 furtos em residências nos últimos 15 dias em Itabela, segue a rotina de uso de entorpecente, praticamente todos os dias. E todas as vezes que é apreendido, ele usa a mesma desculpa, e se defende ao jurar que largou as pedras de crack. Quando questionado sobre furtos, ele desmente que pratique. E como sempre é liberado por falta de um local para colocá-lo.
Na semana passada, L. invadiu uma e levou dois aparelhos celulares e uma bolsa com uma pequena quantia em dinheiro da aposentada Nelci Dias dos Santos, de 56 anos.
No mesmo dia, à noite, ele foi encontrado caído em um terreno baldio no bairro Bandeirante com vários golpes na cabeça e no pescoço, sendo socorrido por um pastor evangélico e levado para o Hospital Frei Ricardo. O menor não corre risco de morte.
De acordo com o médico Marco Antônio, os atos infracionais estão diretamente relacionados com a situação de vulnerabilidade social vivida pela família do adolescente. Na visão do médico, o fato de os pais terem baixa renda e passarem grande parte do dia longe de seus filhos, contribui para que esses meninos e meninas se entreguem à marginalidade, mesmo que seja como uma espécie de “escudo” para adultos criminosos escaparem das punições previstas na lei.
A região sul do estado da Bahia é o maior exemplo da incapacidade do poder público. A falta de centros de recuperação para menores infratores obriga a justiça a entregar os jovens diretamente aos responsáveis. Nos casos mais graves, como homicídios, os adolescentes são apreendidos e levados para a cadeia.
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