A fuga de detentos do
núcleo da facção Primeiro Comando de Eunápolis (PCE), que escaparam do Conjunto
Penal da cidade no final da noite de quinta-feira (12\12), se constitui em um
alto risco para o extremo sul da Bahia. Isso porque os 16 fugitivos do presídio
acumulam 37 indiciamentos por mortes violentas em Eunápolis e municípios
vizinhos, de acordo com documentos do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ) ao qual
a reportagem teve acesso. Entre os crimes, estão, principalmente, homicídios
qualificados, latrocínios, queimas de ônibus e até um assassinato de policial
militar.
Além de Ednaldo Pereira
Souza, o Dada, que chefia o PCE e se apresenta como o foragido mais perigoso do
grupo, há criminosos com uma ficha extensa de crimes. No caso da morte do
agente de segurança, por exemplo, o crime é atribuído a Altieri Amaral de
Araújo, e aconteceu em Barrolândia, distrito da cidade de Belmonte, a cerca de
57 km de Eunápolis. Na ocasião, durante um assalto, Altieri e outro criminoso
assaltaram um mercado em uma ação que acabou na morte do policial.
"No dia 8 de abril de
2011, por volta das 13h20, em um supermercado localizado no distrito de
Barrolândia, na cidade de Belmonte/BA, os denunciados tentaram subtrair o
dinheiro do cofre do estabelecimento comercial, mantendo ainda uma das vítimas
refém, resistindo à ação policial e resultando na lesão corporal grave do
cliente e na morte do policial militar Antônio Barbosa Rosa”, diz o documento
de denúncia.
'Açougueiros'
Entre os detentos fugitivos, há indivíduos especialmente perigosos pelo quantitativo de registros de homicídios praticados. Um policial militar da região, que foi consultado pela reportagem e prefere não se identificar, destaca dois deles: Fernandes Pereira Queiroz e Rubens Lourenço dos Santos. “Esses dois aí têm uma série de mortes nas costas. São ‘açougueiros’ do PCE e mataram muitos na região”, conta. No sistema do TJ-BA, há seis indiciamentos de homicídios qualificados contra Fernandes e sete crimes do mesmo tipo atribuídos a Rubens.
Na ficha dos suspeitos, há
crimes de motivo torpe executados apenas para demonstrar o poder da facção,
como a morte de uma pessoa de cadeira de rodas em 2014, que foi executada a
sangue frio por Sirlon Risério Dias Silva, que já foi indiciado por homicídio
simples, homicídio qualificado e tráfico de drogas.
“No crime, em 2014, o
denunciado efetuou diversos disparos contra a vítima Alisson Santos Cardoso. Na
companhia de um comparsa, Sirlon atirou pelas costas da vítima, atingindo-a na
cabeça, regiões cervicais e dorsal, pegando a vítima de surpresa, impossibilitando
qualquer esboço de defesa, ainda mais que a vítima estava desarmada, e era
deficiente físico, que usava cadeira de rodas”, aponta o processo.
Assim como passou a
acontecer em Salvador nos últimos anos, a facção do PCE tinha a prática de
incendiar ônibus para provocar medo na população e desafiar o poder público. O
principal responsável por esses crimes foi Geifson de Jesus Souza que, em dois
meses, queimou dois ônibus diferentes no bairro Juca Rosa e Rosa Neto, em
Eunápolis, após a morte de integrantes da facção.
Os outros criminosos
reúnem mais registros de homicídios simples, qualificados, roubo majorado,
tráfico de drogas, latrocínio e associação criminosa. Nenhum dos 16 fugitivos
foi capturado e apenas um homem, que seria suspeito de ajudar na fuga, foi
preso em Eunápolis.
Veja abaixo a lista de
crimes pelos quais cada um foi indiciado:
Sirlon Risério Dias Silva:
homicídio simples, homicídio qualificado e tráfico
Mateus de Amaral Oliveira:
homicídio qualificado e roubo
Geifson de Jesus Souza:
queima de ônibus, tráfico e porte arma
Ednaldo Pereira Souza:
tráfico, homicídios e roubos
Anderson de Oliveira Lima:
três indiciamentos por homicídio qualificado
Altieri Amaral de Araújo:
dois homicídios qualificados e um latrocínio
Anailton Souza Santos:
homicídio qualificado, porte de arma e tráfico
Fernandes Pereira Queiroz:
seis homicídios qualificados
Giliard da Silva Moura:
homicídio, tráfico e crime de tortura
Rubens Lourenço dos
Santos: sete homicídios qualificados
Valtinei dos Santos Lima:
latrocínio
Romildo Pereira dos
Santos: dois homicídios qualificados e tráfico de drogas
Thiago Almeida Ribeiro:
sem indiciamento público registrado
Idário Silva Dias: quatro
homicídios qualificados
Isaac Silva Ferreira:
quatro homicídios qualificados
William Ferreira Miranda:
homicídios simples e dois homicídios qualificados
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