Um
problema vem crescendo de forma silenciosa no país: o uso de inalantes à base
de éter e solventes, chamado de lança-perfume.
No
Rio de Janeiro, batizado de cheirinho da loló, o produto também está
preocupando as autoridades de saúde. Dados da Secretaria municipal de
Desenvolvimento Social revelam que, os inalantes já são a segunda substância
mais usada por adolescentes, ficando atrás apenas da maconha.
Diferentemente dos anos 1970, quando o cheirinho da loló,
feito com éter, era figurinha fácil nas brincadeiras de carnaval, o produto
hoje é fabricado de forma artesanal por traficantes e leva até gasolina e
inseticidas na fórmula.
No
Rio, uma das vítimas, em setembro do ano passado, foi M., de 18 anos. Ele
estava dando a volta por cima após ter passado um ano em tratamento num centro
de acolhimento de adolescentes dependentes químicos, mantido pela prefeitura.
O
rapaz tinha voltado a estudar, conseguido emprego e se preparava para ser pai.
Mas o futuro que se redesenhava acabou após um baile funk, numa das favelas da
Maré, quando voltou a usar o produto.
M.
sofreu uma parada cardíaca depois de usar cheirinho da loló, comprado e
consumido em um dos pontos de venda de drogas do Parque União.
Um adolescente de 16 anos, atendido num centro de
acolhimento, conta que os efeitos do cheirinho da loló são devastadores.
Vivendo nas ruas desde os 12 anos, ele disse que nunca teve medo de nada até
começar a ver fantasmas, almas e entrar em paranoia.
Segundo o adolescente, o custo baixo e o efeito rápido
são os fatores que contribuem para a expansão do uso do inalante:
— No baile, a gente compra por R$ 5. A balinha (ecstasy)
custa R$ 25.
O Globo